Cesare Mansueto Giulio Lattes, mais conhecido como César Lattes (Curitiba, 11 de julho de 1924 — Campinas, 8 de março de 2005), foi um físico brasileiro, codescobridor do méson-π (méson pi ou píon), descoberta que levou à concessão do Prêmio Nobel de Física de 1950 a Cecil Frank Powell, líder da pesquisa. Lattes é um dos mais ilustres físicos do Brasil e seu trabalho foi fundamental para o desenvolvimento da física atômica no país. Foi também um grande líder no meio científico brasileiro e um dos principais responsáveis pela criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Prêmio Nobel de Física de 1950Cecil Powell, foi o ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1950. Embora Lattes tenha sido o principal pesquisador e primeiro autor do histórico artigo da Nature, descrevendo o méson pi, Cecil Powell foi o único agraciado com o Prêmio Nobel de Física em 1950, pelo seu desenvolvimento de um método fotográfico de estudo dos processos nucleares e sua descoberta que levou ao descobrimento dos mésons. A razão para esta aparente negligência é a política do Comitê do Nobel, que até 1960 era de premiar somente o líder do grupo de pesquisa. Em 2001, durante uma entrevista para o Jornal da Unicamp, Lattes mencionou o fato de não ter ganhado o Nobel de Física:

“Sabe por que eu não ganhei o prêmio Nobel? Em Chacaltaya, quando descobrimos o méson-pi, se publicou: Lattes, Occhialini e Powell. E o Powell, malandro, pegou o prêmio Nobel pra ele. Occhialini e eu entramos pelo cano. Ele era mais conhecido, tinha o trabalho da produção de pósitrons, em 1933. Depois fui para a Universidade da Califórnia, onde foi inaugurado o sincrociclotron, em 1946. Já era 1948 e estava produzindo mésons desde que entrou em funcionamento em 1946, tinha energia mais que suficiente. Então, detectamos, Eugene Garden e eu, o méson artificial, alimentando a presunção de retirar do empirismo todas as pesquisas que se relacionassem com a libertação da energia nuclear. Sabe por que não nos deram o Nobel? Garden estava com beriliose, por ter trabalhado na bomba atômica durante a Guerra, e o berílio tira a elasticidade dos pulmões. Morreu pouco depois e não se dá o prêmio Nobel para morto. Me tungaram duas vezes.”

Na sua última entrevista, concedida à revista Superinteressante em 2005, Lattes voltou a mencionar o episódio do Nobel de Física de 1950:

“Apesar de a comissão julgadora ser formada por ingleses, acredito que não foi minha nacionalidade que pesou na decisão do vencedor. Tanto na descoberta do méson pi, em 1946, como na sua criação artificial, em 1948, tive colaboração do Giuseppe Occhialini. Quem deveria ter ganhado era ele. E, em 1950, quem levou o prêmio foi o Cecil Powell, que também participou do trabalho. Mas deixa isso para lá. Esses prêmios grandiosos não ajudam a ciência.”

Houve rumores de que o físico Niels Bohr teria deixado uma carta intitulada “Por que César Lattes não ganhou o Prêmio Nobel — Abra 50 anos após a minha morte”. No entanto, durante as buscas feitas no Arquivo Niels Bohr, em Copenhague, Dinamarca, tal documento não foi encontrado.

Entre 1949 e 1954, Lattes foi indicado pelo menos cinco vezes ao Nobel de Física. Wataghin, ex-professor de Lattes, o indicou em 1951. Em 1949, Lattes era diretor científico do CBPF. Em 1964, trabalhou por um período na Universidade de Pisa no estudo da geocronologia.

Lattes também recebeu várias honrarias ao longo de sua vida, dentre elas destacam-se o título de Cavaleiro da Grande Cruz, outorgado pela Ordo Capitulares Stellae Argentae Crucitae (1948); Prêmio Einstein, da Academia Brasileira de Ciências (1951); o Prêmio Ciências, do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (1953); o Prêmio Evaristo Fonseca Costa, do Conselho Nacional de Pesquisas (1957); Cidadão Honorário da Bolívia (1972); a Medalha Carneiro Felipe, do Conselho Nacional de Energia Nuclear (1973); a Medalha dos 25 anos da SBPC (1973); o Prêmio Moinho Santista — Física (1975); a Comenda Andrés Bello, outorgado pelo Governador da Venezuela (1977); o Prêmio Bernardo Houssay, da Organização dos Estados Americanos (1978); o Prêmio em Física, da Academia de Ciências do Terceiro Mundo, sediada em Trieste, Itália (1987); a Medalha dos 40 anos da SBPC (1988); a Medalha Santos Dumont (1989); e o Símbolo do Município de Campinas (1992). Além dessas honrarias, Lattes é nome de logradouros e edifícios em algumas cidades e universidades brasileiras.

Ele também figura como um dos poucos brasileiros na Enciclopédia Biográfica de Ciência e Tecnologia de Isaac Asimov, bem como na Encyclopædia Britannica.

César Lattes e José Leite Lopes são os protagonistas de Cientistas Brasileiros, um documentário de 2002, dirigido por José Mariani, que narra sua trajetória e suas contribuições para o desenvolvimento da Física no Brasil. Gilberto Gil, vencedor do Grammy de 1998, incluiu no álbum Quanta uma canção dedicada a Lattes, chamada de “Ciência e Arte”.

César Lattes foi tema do samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira, de 1947. A música Ciência e Arte foi uma parceria de Cartola e Carlos Cachaça e rendeu o vice-campeonato à escola. A canção foi regravada em 1999 por Gilberto Gil no álbum Quanta Live, premiado com o Grammy na categoria World Music.

Em 10 de abril de 2024, o nome de César Lattes foi inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

César Lattes morreu em 8 de março de 2005, aos 80 anos de idade, em Campinas. Estava internado no Hospital das Clínicas da Unicamp e foi vítima de uma parada cardíaca em decorrência de um câncer na bexiga e edema pulmonar. Foi sepultado no Cemitério Parque Flamboyant, em Campinas.

Fonte: Google / Wikipedia.

Gostou deste assunto? Que tal ficar em sintonia com os nossos estudos, dicas e curiosidades?

Convidamos você a se juntar a nós em uma exploração profunda destes temas. Siga-nos nas redes sociais: Twitter, Instagram, Pinterest e Telegram. Aventure-se em nosso Canal no Youtube para um conteúdo inspirador sobre estes assuntos. Saiba mais sobre nossa missão na Bio. Acompanhe nosso blog na Medium. Mantenha-se conectado conosco assinando nosso feed. E ouça nossos podcasts no Spotify.

Comentários

or to participate

Leia Também

No posts found