Por Mauro Mueller / Quantum Dox

É uma inteligência que desperta curiosidade, causando intrigas e debates até os dias de hoje.

Por volta de 4.500 a.C., existiu um povo que organizou uma civilização e promoveu um desenvolvimento inovador e intrigante por várias razões.

Os Sumérios se estabeleceram no sul da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, onde atualmente fica o Iraque.

Suas inovações incluem a criação da medicina, a roda, a cerveja, o primeiro calendário, o estudo da astronomia, as escolas, a música, o artesanato e a escrita. Foram encontrados os primeiros contratos de compra e venda, acordos e contas matemáticas — talvez para contar ovelhas —, entre muitas outras criações consideradas de alta tecnologia para a época.

É na sua escrita que encontramos o que talvez provoque o debate mais intrigante e curioso, levando em conta o conteúdo do que os estudiosos chamaram de Tábuas Sumérias.

Tábuas de argila, encontradas aos milhares em sítios arqueológicos, retratam os costumes, a cultura e o modo como este povo vivia e entendia sua realidade. As cidades de Uruk e Eridu, que surgiram por volta de 3.500 a.C., apresentavam inovações urbanas que fariam Jaime Lerner (um antigo prefeito moderno da cidade de Curitiba, Brasil) parecer um estagiário. Com cidades que chegavam a ter cinquenta mil habitantes, os Sumérios criaram um modelo urbano que é referência até hoje.

Tratadas como mitologia pelo Ocidente, muitas de suas histórias são curiosas por conterem similaridades com a Torá, que são os cinco primeiros livros do judaísmo, principalmente o Gênesis. Renomados estudiosos afirmam que a Torá pode ter sido influenciada pelas histórias do povo sumério para criar textos que conhecemos, como a saga do dilúvio na Arca de Noé e a criação do homem e da mulher.

A canonização da Torá, ou seja, sua organização no formato que conhecemos (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), data de aproximadamente 450 a.C. Embora os textos sejam mais antigos (escritos por volta de 1.000 a.C.), foi nesse período que a tradição, antes majoritariamente oral, consolidou-se na forma escrita do hebraico bíblico, estabelecendo as bases do judaísmo monoteísta. A escrita suméria, conhecida como "cuneiforme", é milênios mais antiga.

Nessas tábuas, os sumérios contam que os Anunnaki, "deuses" vindos do céu, trouxeram conhecimento e tecnologia, sendo responsáveis por muitas das inovações daquele povo. Segundo os relatos, os Anunnaki vieram com o objetivo de explorar este mundo e aqui encontraram ouro, um metal precioso capaz de produzir energia. Posteriormente, o ouro tornou-se sinônimo de realeza, representando status e poder. Existe uma teoria de que o metal salvaria o planeta dos Anunnaki, mas os estudiosos não encontraram nada disso escrito nas tábuas de argila.

Vou trazer apenas duas histórias do povo sumério que encontram similaridades com a Torá.

A primeira é chamada Epopeia de Atrahasis.

Ela narra a criação dos "Adam", os seres humanos. Nos contos sumérios, as tábuas de argila trazem a história dos Anunnaki, deuses que desceram dos céus e exploravam a extração de ouro na Terra. Como o trabalho era árduo, o governante Anunnaki, Enlil, teve uma ideia: criar trabalhadores para fazer o serviço pesado. Da mistura de barro moldado na forma humana com o sacrifício de um jovem Anunnaki, realizou-se a fertilização do primeiro "Adam", como em um procedimento de laboratório.

Os "Adam" não tinham o poder de procriar, mantendo o controle da criação de novos seres sob o comando exclusivo de Enlil. Porém, seu irmão, Enki, deu o "fruto proibido" a um "Adam", que, junto com sua versão feminina, pôde então procriar e exercer o livre-arbítrio, obtendo liberdade e conhecimento. Enlil ficou furioso e expulsou os "Adam" deste "laboratório". As semelhanças entre as narrativas desta obra e da Torá incluem os nomes (Adapa e Adão), a ideia de um jardim, o fruto proibido, o conhecimento adquirido, o livre-arbítrio, a mulher dando à luz filhos e a expulsão do paraíso.

A segunda é a Epopeia de Gilgamesh.

Nela, conta-se que os seres humanos se revoltaram, e então os Anunnaki provocaram um grande dilúvio. As semelhanças com a história de Noé são várias: o dilúvio que inundou a terra; a construção de uma arca; a escolha de um herói para nela abrigar casais de animais; o uso de aves para verificar a baixa das águas; e até os motivos para a decisão divina de dizimar a humanidade.

Historicamente, a Torá e o Talmude receberam influência das culturas persa e babilônica. Mas as semelhanças com os contos sumérios são, de fato, intrigantes e curiosas. A seca e as guerras acabaram por extinguir o povo sumério por volta de 1.500 a.C.

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