Por Mauro Mueller / Quantum Dox
Você conhece o Zoroastrismo? Sim, você conhece, mesmo que nunca tenha ouvido falar.
O catolicismo foi influenciado pelo cristianismo, que por sua vez foi influenciado pelo judaísmo, que, por sua vez, foi influenciado pelo Zoroastrismo.
Zaratustra nasceu em uma tribo isolada na região que hoje corresponde ao Irã. Conta a tradição que ele sorriu em vez de chorar ao nascer. Rapidamente, esse acontecimento se espalhou, e muitos começaram a especular que aquele bebê poderia ser maligno. Afinal, como uma criança poderia nascer sorrindo em um mundo tão cruel?
A primeira reação dos sacerdotes da tribo foi tentar matá-lo. Colocaram-no no fogo, mas ele saiu ileso, sem marcas ou ferimentos. Em seguida, tentaram deixá-lo no meio de uma manada de bois. Um boi parou e ficou observando Zaratustra, enquanto os outros simplesmente desviaram e seguiram adiante, sem pisá-lo. Depois, colocaram-no na toca de uma loba, mas nada aconteceu. O chefe dos sacerdotes, que tivera a “brilhante” ideia de matá-lo, perdeu sua credibilidade e foi expulso da tribo. Zaratustra, ao contrário, cresceu e tornou-se sacerdote.
Aos trinta anos, ele teve uma visão e foi convidado a conhecer cinco seres, subordinados a um ser supremo chamado Ahura-Mazda, o criador de todo o bem e de tudo o que existia. Esses seis seres lutavam contra Angra-Mainyu, representante do mal, que também contava com seus correligionários para disseminar o caos e a destruição. Ahura-Mazda ensinou tudo a Zaratustra e lhe disse que ele deveria transmitir esses conhecimentos ao seu povo. Podemos perceber algumas semelhanças até aqui?
Foi somente no Império Medo que o rei Vishtaspa se encantou pelos ensinamentos de Zaratustra e oficializou sua religião em todo o império. Aos setenta e sete anos, Zaratustra foi assassinado por um sacerdote contrário às suas doutrinas. Após sua morte, uma rebelião tomou conta da região, resultando no fim do Império Medo. O imperador Ciro, o Grande, conquistou o território, consolidando o Império Persa, que passou a dominar a região.
Com a conquista da Babilônia, o Império Persa influenciou profundamente a cultura dos povos daquela terra. Os judeus, que haviam sido escravizados pelos babilônios por 70 anos, foram libertados quando Ciro invadiu a cidade. Eles então partiram para a Judeia. Durante os cerca de 200 anos de domínio persa sobre o Egito, Israel e a Babilônia, o Zoroastrismo tornou-se a religião mais influente da região, exercendo um impacto significativo sobre o judaísmo.
O Zoroastrismo já pregava a crença em um único Deus, a existência de um adversário maligno, o conceito de céu e inferno como destinos para os justos e os ímpios, a existência de anjos e demônios e a ideia de um juízo final. Esses conceitos são amplamente difundidos no cristianismo e, antes disso, passaram a fazer parte do judaísmo após a influência persa.
O historiador Albert Jong, um dos maiores estudiosos desse tema, acredita que o judaísmo sofreu uma influência determinante do Zoroastrismo, adotando diversas crenças após o domínio persa. Para citar um exemplo, a Bíblia hebraica primitiva não mencionava a figura do diabo. Somente após essa influência zoroastrista é que o conceito do diabo entrou na tradição judaica, tornando-se ainda mais presente nos textos cristãos posteriores. Isso ajudou a moldar a concepção de bem e mal, céu e inferno, anjos divinos e anjos caídos.
Talvez eu tenha despertado sua curiosidade, mas este espaço não permite relatar tudo o que pesquisei. Por isso, recomendo que você estude o Zoroastrismo, os fundamentos do judaísmo, a tradução Septuaginta da Bíblia hebraica e a descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto. Assim, poderá conectar essas tradições religiosas e compreender melhor o que estou apenas começando a explorar.
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