Por Mauro Mueller / Quantum Dox

No livro do Êxodo está escrito que, quando Moisés perguntou o que deveria dizer ao povo de Israel, caso perguntassem quem o havia enviado, Deus respondeu:

“Eu sou o que serei. É isto que você dirá aos israelitas.”

(Tradução da Bíblia de Almeida).

Deus também disse:

“O Senhor, o Deus dos seus antepassados — o Deus de Abraão, Isaque e Jacó — enviou-me a vocês. Esse é o meu nome para sempre, nome pelo qual serei lembrado de geração em geração.”

Não pretendo aqui fazer uma exegese bíblica, nem analisar para concordar ou discordar.

Este texto é informativo — resultado de uma pesquisa — e tem como propósito inspirar você a refletir e investigar por conta própria.

Em hebraico, YHWH é o tetragrama sagrado que, em traduções posteriores, acabou sendo representado pela palavra “Senhor”.

De acordo com a Torá, Deus diz a Moisés: “Eu sou o que sou”. Em hebraico, Ehyeh Asher Ehyeh.

Transliterando para o português e aplicando a didática literária usada nas traduções, formam-se as quatro letras YHWH.

Este tetragrama não possui uma tradução literal precisa. A teologia judaica o atribui ao nome do Deus que falou com Moisés.

Com o passar dos séculos, escribas e copistas passaram a grafar o tetragrama como Yhwh. A língua hebraica, então, evoluiu e foi sendo modernizada.

Para entender melhor:

O hebraico primitivo não possuía vogais — apenas 22 consoantes — e as frases eram escritas sem espaçamento. Isso tornava a leitura e a interpretação extremamente complexas.

Na tradução da Torá para o grego, realizada para a Biblioteca de Alexandria no século I a.C. (a famosa Septuaginta), o tetragrama Yhwh foi traduzido como Kyrios, que significa “Senhor”.

Quando mais tarde foram inseridas vogais, passou a ser lido como Yahweh, ou Javé, em português.

No judaísmo, pronunciar o nome de Deus é permitido apenas em orações ou cerimônias religiosas.

Os Dez Mandamentos trazem o alerta: “Não tomarás o nome do Senhor em vão.”

Por isso, os judeus se referem a Ele como HaShem (“o Nome”) ou Adonai (“Mestre”).

Controvérsias

Alguns estudiosos da tradução do hebraico primitivo defendem que o tetragrama YHWH pode não significar “Deus”propriamente dito.

Há intensos debates entre sacerdotes, fiéis, leigos e historiadores — e aqui apresento as ideias de forma neutra, apenas para reflexão.

Uma das correntes mais conhecidas sugere que Yahweh não seria o próprio Criador, mas sim um emissário ou divindade menor, um intermediário que conduziu os hebreus à Terra Prometida.

Outra linha o vê como um colonizador cósmico, que teria escolhido Abraão para formar um povo sob sua liderança, conduzindo Moisés como um comandante determinado e estratégico.

De acordo com essa interpretação, Yahweh seria um líder rigoroso — capaz de ordenar as dez pragas do Egito, incluindo a morte dos primogênitos, e de punir severamente os que desobedeciam.

Um exemplo clássico é o episódio do bezerro de ouro, quando, após a descida do Monte Sinai, Moisés encontra seu povo adorando uma estátua e três mil pessoas são executadas como castigo.

Há ainda outra teoria — menos convencional — que interpreta Yahweh como um ser vindo de outro universo.

Essa visão se baseia em passagens como Isaías 45:7:

“Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas essas coisas.”

Isaías 45:7

Nessa leitura, o “Senhor” seria um ser poderoso, mas não necessariamente benevolente, cuja missão era colonizar e conduzir um povo escolhido.

A famosa sarsa ardente, segundo traduções mais antigas, talvez não fosse um simples arbusto em chamas, mas um objeto luminoso, uma espécie de manifestação energética que descia à terra diante de Moisés.

Outras passagens reforçam essa visão: em Isaías está escrito — “Eu sou o seu Yahweh, o único Elohim.”

Na tradução literal, Elohim é plural de El, significando “deuses”.

Em Deuteronômio 32:12-13 lemos:

“Somente Yahweh o guiava, e nenhum outro Elohim estava com ele.”

Deuteronômio 32:12-13

Ou seja, Yahweh seria um entre outros Elohim, descendente de um plano celeste, incumbido de liderar o povo hebreu rumo a Canaã.

Deuteronômio 32:12-13

Essa fidelidade absoluta a Yahweh era exigida com severidade.

Moisés, por exemplo, não entrou na Terra Prometida após desobedecer uma ordem direta: Yahweh mandou que ele falasse à rocha, mas Moisés bateu nela com o cajado.

Por essa falha, Yahweh o fez contemplar Canaã à distância antes de morrer — um gesto interpretado como punição por falta de obediência total.

Um olhar além da teologia

Em versões mais literais do hebraico antigo — aquele sem vogais e sem espaços —, há estudiosos que enxergam nesses relatos descrições de fenômenos tecnológicos ou celestes, talvez visitas de seres de outros mundos.

Nessa leitura simbólica, “veículos”, “luzes de fogo”, “vozes vindas do céu” e “nuvens luminosas” seriam tentativas antigas de descrever aquilo que hoje poderíamos chamar de aeronaves, máquinas ou energia desconhecida.

Muitos textos bíblicos trazem imagens que, reinterpretadas sob essa ótica, despertam curiosidade.

Veja o trecho de 1 Reis 19:11-12:

“Saia e fique no monte, na presença de Yahweh, pois Yahweh vai passar.

Reis 19:11-12

Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante de Yahweh, mas Yahweh não estava no vento.

Reis 19:11-12

Depois do vento houve um terremoto, mas Yahweh não estava no terremoto.

Reis 19:11-12

Depois do terremoto houve um fogo, mas Yahweh não estava nele.

Reis 19:11-12

E depois do fogo veio o murmúrio de uma brisa suave.”

Reis 19:11-12

Alguns interpretam essa passagem como a descrição de uma aterrissagem de um objeto luminoso, com vento, fogo, ruído e vibração — fenômenos que cessam até restar apenas uma brisa silenciosa.

Reflexão final

Não há aqui a intenção de questionar a fé ou confrontar crenças.

O objetivo é provocar reflexão sobre como as escrituras chegaram até nós — atravessando milênios, diferentes idiomas, traduções, reinterpretações e dogmas.

Acredita-se que existam mais de quatro mil palavras na Bíblia com possíveis diferenças de tradução em relação ao hebraico original.

Além disso, milhões de papiros, pergaminhos e códices foram destruídos ao longo da história — em guerras, incêndios e disputas de poder.

A Biblioteca de Alexandria, por exemplo, foi uma das maiores perdas do conhecimento humano, que apagou parte da compreensão do passado e limitou o acesso a diversas formas de pensar e interpretar o mundo.

Hoje, com o avanço da tecnologia e da internet, qualquer pessoa pode pesquisar, comparar traduções, ler estudos, ver ruínas, esculturas, templos e monumentos antigos — e tirar suas próprias conclusões.

Talvez o verdadeiro propósito seja este: despertar a curiosidade, inspirar o questionamento e incentivar o autoconhecimento.

Porque entender de onde viemos — e o que significam realmente nomes como YHWH, Yahweh e Javé — pode nos aproximar de algo ainda maior: a consciência do divino que habita em cada um de nós.

Gostou desses assuntos? Siga-nos para explorar mais conexões: https://go.quantumdox.space

Comentários

or to participate

Leia Também

No posts found